RÁDIO ROCK & TUDO MAIS

terça-feira, 18 de novembro de 2014

APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA!...

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. 
Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado. 
Mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranquilamente. 
Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. 
Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. 
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: - Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. 
Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. 
O tiro fez um estrago danado no cara! 
Passados menos de três minutos, estavam na rua 5 carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo. 
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. 
Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia. 
No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse: - Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão. 
Eu respondi: - Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.

(Luiz Fernando Veríssimo)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

TEXTO: O FODA-SE (MILLOR FERNANDES)

O Foda-se!
De Millôr Fernandes

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala...
Existe algo mais libertário do que o conceito do foda-se!? O foda-se! aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta.
Não quer sair comigo?
Então foda-se!.
Vai querer decidir essa merda sozinho (a) mesmo?
Então foda-se!.

O direito ao foda-se! deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.
É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.

"Prá caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "prá caralho"?
Prá caralho tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas prá caralho, o Sol é quente prá caralho, o universo é antigo prá caralho, eu gosto de cerveja prá caralho, entende?

No gênero do Prá caralho, mas no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O Não, não e não! e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade Não, absolutamente não! o substituem.
O Nem fodendo é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral?
Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo: Marquinhos presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicinio.

Por sua vez, o "porra nenhuma"! atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um PHD porra nenhuma!, ou ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!. O porra nenhuma, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

São dessa mesma gênese os clássicos aspone, chepone, repone e mais recentemente, o prepone - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer puta-que-o-pariu! dito assim te coloca outra vez em seu eixo.
Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus uando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: Chega! Vai tomar no olho do seu cu!.
Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai a rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!".
E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!.
Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala?
Fodeu de vez!.

Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se ...


Colaboração do meu amigo Rodrigo Parronchi, valeu brother!!!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

FILME RECOMENDADO: SOBRE NOSSAS ESCOLHAS E CATATONIA






             K-PAX









Sinopse e detalhes


Prot (Kevin Spacey) é um homem misterioso, que vive dizendo ter vindo do planeta K-Pax, distante 1000 anos-luz da Terra. Por causa disto ele é internado em um hospício, onde conhece o Dr. Mark Powell (Jeff Bridges), um psiquiatra disposto a provar que ele na verdade sofre de um grave distúrbio de personalidade. Mas as descrições de Prot sobre como é a vida em seu planeta acabam encantando os demais pacientes do hospício, fazendo com que eles queiram ir com Prot quando ele diz que está próximo o dia em que deverá voltar ao seu planeta.